24/04/10

Ensaio sobre a vida...

Escrevo por escrever. Na tentativa de purgar o que me vai cá dentro.
Não o sei definir nem nomear, mas sinto uma inquietação tal que me faz questionar tudo e todos.

Não, não fiquei na idade dos porquês, mas tenho realmente muitas perguntas, que de tantas, cansam-me e tiram-me a vontade de as fazer.

Sou uma optimista. Acredito nisso. E não tenho nem nunca tive qualquer desejo de não estar aqui, de não ser, de não viver. A minha inquietação é mais profunda do que isso. Tenho noção da minha "pequenez". Acordei e percebi que o mundo não estava à minha espera, que o tempo não pára e que as pessoas não percebem. A ilusão desfez-se por completo. Aquela ilusão de criança.

O mundo não parou, eu não "conquistei" o mundo (entenda-se, a vida) e as pessoas...não me perceberam.

Além de optimista, não tenho aquela "mania" de que sou um incompreendida. Também não é isso. O que se passa é que não há espaço para a beleza natural, não há espaço para a espontaneidade. Esse espaço tem que ser criado, construído, adaptado, modificado, etc, etc, etc... Dá tanto, mas tanto trabalho, que é normal que as pessoas percam a vontade.

E é aí que eu invejo, no melhor sentido que esta palavra puder ser utilizada, as crianças. Ainda que hoje em dia sejam incrivelmente estimuladas, elas têm espaço. De forma geral, são espontâneas e livres. Verdadeiramente livres.
Talvez por isso intimidem-me tanto. Sempre quis trabalhar com crianças, mas é como se o Universo delas fosse impenetrável. Assusta-me. Porque eu já não sei ser assim.

A vida dá tanto, mas tanto trabalho, que temos até que voltar a aprender a ser crianças. Isto cabe na cabeça de alguém??? E agora sim eu pergunto: Porquê? Para quê?

Enfim, hoje não é realmente um dia muito pacífico. Não vou chamá-lo um dia mau, porque, realmente tenho-me vindo a aperceber de que estes momentos são necessários. Para mim, escrevê-los é imperativo. Posso não ter a melhor maneira de escrever e ser básica, mas realmente, limpa-me a alma.

Às vezes, não tenho vontade de perceber, compreender e analisar a vida e tudo o que ela encerra. Porque é como se já tivesse passado por isto. É como se nada fosse novo e fosse apenas a reposição de um filme. Aqui entraria a teoria da reencarnação e provavelmente, é disso que se trata. Sinto-me aborrecida porque nada me entusiasma, nada me faz bater o coração mais depressa, nada me faz querer fazer e cumprir planos.
Alguns diriam que estou deprimida. Esta palavra tem uma conotação negativa e eu não gosto dela, mas acredito que estar deprimida tenha um propósito e que eleve a pessoa a outro nível, depois de passar.

Estão a ver? É este o meu grau de optimismo. Eu acho que a depressão pode ser no fundo, muito produtiva. Eu sei que não estou a dizer nada de novo, mas isto normalmente só é visto por quem está de fora. Quem está deprimido não consegue ter esta perspectiva. E eu tenho. Talvez não esteja deprimida...Agora estou a rir-me de mim própria.

Hoje alguém disse: "Eu não gosto de dizer que a vida é complicada, mas sim que é complexa".
Não poderia concordar mais. O ser humano é tão, mas tão complexo que é capaz de inventar uma pergunta e uma resposta ao mesmo tempo. Isto transcende-me!

Há poucas coisas de que goste mais do que filosofar. Adoro falar com outras pessoas sobre tudo e mais alguma coisa. Quer dizer. Adorava. Porque ultimamente, as conversas filosóficas, enervam-me, criam-me ansiedade e repulsa. Falta-me literalmente a paciência.

Tenho andado a pensar em fazer terapia de regressão, pois já tentei muita coisa, para este meu "problema". Penso que poderei ter acordado dentro de mim algum acontecimento/momento/sensação de infância ou adolescência. Como aqueles monstros adormecidos que quando acordam, acordam cheios de força e parece que ninguém os pára.
É assim que me sinto. Algo acordou ou instalou-se dentro de mim e acomodou-se. Não sei onde havia esse espaço, mas aparentemente havia. E agora aqui está ele. Dando-me voltas e voltas à cabeça, mudando a minha personalidade, limitando-me a vida, fazendo-me ter atitudes absurdas e fazendo-me querer fugir...literalmente FUGIR.


Também me faz escrever posts assim. Não censuro quem não o ler até ao fim, mas precisava realmente de desabafar.

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