Mau Feitio

Sobre o mau feitio...

Aparentemente, todos temos mau feitio. Ontem, numa das minhas caminhadas com a minha R., falávamos sobre o mau feitio, ou melhor, eu falava quase sempre. Eu sei que às vezes falo muito.

Adiante... Ela dizia-me que todos temos mau feitio e eu concordei sem pensar duas vezes. Aliás, se houvesse um pódio para o mau feitio, eu estaria em luta renhida para ganhar a medalha de ouro.

Mas aquilo que eu talvez não consegui explicar... à R. e aos que me rodeiam, tem a ver com a necessidade do confronto e do conflito.

Ao crescer, ficava sempre profundamente triste quando as pessoas discutiam comigo ou umas com as outras. Quando o ambiente ficava tenso e durante algum tempo (que nunca sabíamos quanto era) nada era como antes. Tinha literalmente uma incapacidade mental de compreender porquê que aquilo acontecia. Não conseguia conceber o facto de duas pessoas que gostam uma da outra, brigarem ou ficarem zangadas.

Sim, ingenuidade de criança.

Quando cheguei à idade adulta (seja lá o que isso for), disseram-me e explicaram-me por "A" mais "B", que as pessoas por vezes discutem, por vezes zangam-se, precisam de tempo e de espaço.
Tanto me repetiram esta ideia, que acabei por assimila-la e aceitá-la como uma verdade da vida.

E realmente, a verdade é que às vezes, eu também preciso de espaço e de tempo, as pessoas às vezes enervam-me e magoam-me. Às vezes apetece-me mandá-las à .....

Enfim... A minha dúvida é simplesmente, se isto sempre existiu dentro de mim ou se acabei por adquirir este "mau feitio" porque toda a gente o tem? Se calhar não queria ser a diferente.

Agora o mal está feito (mal....feitio?). A ingenuidade da criança paira por outros lados e às vezes, sinto saudades dela.

Mas é quase uma questão de sobrevivência. Monges nos templos, Xamãs nas montanhas e a Maria na selva de Lisboa. É que só mesmo com um bocadinho de nariz torcido...