"As pessoas deviam vir com um manual de instruções"
Sempre foi o que disseste querida P. E eu confesso que começo a concordar.
A imprevisibilidade, o mistério e os pontos de interrogação que as pessoas me provocam, dão-me a volta à cabeça.
Sempre foi uma das minhas frustrações. Querer saber as pessoas. Querer entrar dentro delas e saber tudo o que vai lá dentro. Sem censura, sem lógica.
Mas não é possível, sim eu sei. Não é humanamente possível.
Conhecer pessoas para mim é sempre como se fosse a primeira vez. Sinto-me perdida, sem saber o que e como o fazer.
E tenho sempre um medo terrível de que as pessoas se revelem. Ao mesmo tempo que quero descobrir tenho medo de não gostar.
E sim, também tenho aquela síndrome de querer agradar a toda a gente. Sou "camaleónica", como também já me chamaram. Adapto-me às pessoas. Tenho várias personagens, todas elas reais e naturais, prontas a serem usadas.
Posso ser a menina mimada, a mulher crescida e responsável, a alegria da festa, a confidente, a terapeuta.
Posso ser tudo ao mesmo tempo ou só uma de cada vez.
A minha luta está no não me sentir insegura. As pessoas com as suas certezas, gostos e manias fazem sentir-me insegura. Porque hoje em dia, com esta nova onda da afirmação da personalidade e da individualidade, há pouco espaço para a diferença. O que é curioso porque, esta abertura deveria ter o efeito contrário.
Mas, como cada vez mais temos o direito (e temos mesmo, assino por baixo) de pensarmos em nós e só fazermos o que queremos, como cada vez há menos "obrigação" de abrir espaço para o outro, conhecer pessoas torna-se muito complicado.
Sim eu não posso atirar a primeira pedra. Também sou assim. Também tenho as minhas manias, as minhas preferências, as minhas coisas que não suporto. Por isso não posso apontar o dedo a ninguém.
Mas tento não julgar e não fechar a porta 5 minutos depois.
É verdade que não precisamos de toda a gente nem toda a gente precisa de nós, mas hoje em dia as pessoas não se esforçam.
Se não gostas tens bom remédio. É o que se diz agora...
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