08/12/10

M.

Porque, eu sei que por detrás de todo esse suposto desprendimento, está uma pessoa com potencial para ser qualquer coisa que deseje. E porque, inevitavelmente e descontroladamente preocupo-me com os outros.

Acredito que podemos falar mais sobre as coisas pelas quais já passámos.
E eu já passei por algo muito semelhante ao que tu estás e continuas a passar.
Talvez nessa posição possa dizer-te, da forma mais despretensiosa possível, algumas coisas.

Um dia (eu espero), vais descobrir que aquilo que sentes neste momento já não é amor.
Talvez já tenha sido amor, mas já não é. Quando gostamos de alguém durante muito tempo é como um vício. Fica entranhado em nós e não nos conhecemos de outra forma. Criamos uma resistência enorme à mudança. Porque, a mudança é assustadora. A vida sem gostar dessa pessoa não parece a mesma. Não é a vida a que estás habituada.

Mas (e é agora que entra o que se pode chamar de conselho), se eu te disser que essa mudança é tão boa que parece mentira? Se eu te disser que o que ganhas é muito mais do que o que perdes? Se eu te disser que é possível?

Eu sei. Não acreditas. A palavra impossível é a única que te surge no pensamento. Eu também achava ser impossível. Descobrir que não era, foi um choque tão grande que demorei meses a recuperar.

Porque não te reconheces. Não sabes ser sem ser assim. A gostar assim. A jogar aquele jogo que tu sabes tão bem jogar e no qual te tornaste mestre, apesar de ele te fazer tão mal.

Eu percebo. E não fico "chateada" porque, percebo. Sei o que é e sei que nem eu nem ninguém vai fazer-te mudar. Nunca. Por mais vontade que as pessoas à tua volta tenham, que ultrapasses isso e que vejas as coisas boas que poderias ter a ocupar o lugar desse veneno que te consome todos os dias, nada pode mudar sem ti.

E talvez este post que estou a escrever para ti seja totalmente inútil, mas acredito que não temos tempo nesta vida para fazer todos os erros e se, algures dentro de ti, encontrares alguma verdade e apoio nisto que te escrevi, o meu erro já terá servido para alguma coisa.

É muito melhor amar do que ser amado. E é muito confortável (apesar de ser de uma forma totalmente distorcida e disfuncional) gostar de alguém que não sente o mesmo por nós.

À parte do acaso e dos imprevistos, tu podes ter o poder sobre a tua vida.
Não podes controlar os teus sentimentos. Nunca. Mas podes analisá-los e tentar ve-los não como pensas que eles são, mas como eles realmente são.

E era isto. Não é minha intenção salvar-te de coisa alguma e este é um barco em que estás de facto, sózinha.

Disse-te no início que acima de tudo, somos seres humanos e como ser humano, sei o que é amar alguém que não nos ama de volta.

Dói, mas não mata...

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