29/12/11

Tenho medo de experimentar coisas novas, mas não sei viver sem elas.

Quase que não escrevia sobre o último episódio da vida da Maria.
Quem me conhece sabe que eu sou o tipo de pessoa que foge de tudo o que seja radical e que exija um pouco mais do meu físico.
Não é que não goste ou que não queira, mas tenho sempre medo de não conseguir.
E esse medo bloqueia-me.

Mas desta vez tomei coragem e alinhei numa das aventuras de grupo. Canyoning. Para quem não sabe, consiste em percorrer uma ribeira usando diversas técnicas.
De onde eu venho (Madeira) é normal as pessoas terem muito contacto com a natureza e estarem habituadas a este tipo de actividade, mas eu não. Fiz uma levada em toda a minha vida que durou cerca de 1h.Talvez nem se possa considerar.

Lá fui eu, na esperança de superar-me a mim própria, de mostrar-me que conseguia e que podia perder o medo.
Mas, como tudo aquilo em que eu me meto, não correu como planeado. Deveria ter sido feito em 4h e foi feito em 8h. O grupo era demasiado grande e havia muitas pessoas inexperientes como eu, tornando o passeio demasiado lento.

O frio, o stress de não poder voltar para trás e uma lesão que fiz a meio do caminho tornaram este passeio um desafio muito maior do que se poderia prever. Sei que para quase todos os outros não foi assim tão "extreme", mas para mim foi a coisa mais desafiante que fiz em toda a minha vida.

A paisagem era de cortar a respiração. É um facto. E a experiência teria sido muito mais pacífica se o grupo fosse mais pequeno. Consigo perceber isso e não digo que nunca mais farei algo deste género.
Mas a verdade é que estou até hoje assustada.

Na parte final, já cheia de dores por me ter magoado umas horas antes, tivemos de subir uma encosta para chegar à levada. Nessa encosta, eu escorreguei alguns 5 metros. Metros esses que tive de voltar a subir quando estava no limite da minha força de braços. Senti aquilo que as pessoas devem sentir quando estão a lutar pela própria vida. Fui ajudada (e muito bem ajudada), mas a sensação de aflição apoderou-se de mim e quando chegámos à estrada eu só queria que fosse possível voar até casa onde eu estaria quente e segura.

Quando chegámos à estrada, por já estarmos tão atrasados, já não havia autocarro para nos levar ao carro e tivemos de fazer o percurso a pé. Já era de noite, chovia e era sempre a subir.
Perdi a força e por momentos só quis deitar-me no chão e esperar que alguém me viesse "salvar". Fui de braço dado, muito devagar e sempre a repetir na minha cabeça: "Está quase, está quase".

Já se passaram três dias e ainda todos os músculos do meu corpo doem e não me permitem praticamente mexer.
Superei-me, fiz algo que nunca pensei conseguir fazer. E por isso estou orgulhosa de mim. Tinha outras expectativas. Achei que o contacto com a natureza e a adrenalina iriam ter outro efeito em mim, mas não tiveram. Parte de mim está de facto adormecida e eu não sei como acordá-la.

Espero que a próxima seja melhor, mas pelo menos tenho uma história para contar...

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