02/02/13

Estes foram os dias em que aprendi o significado de expressões como "cabeça de casal" e "certificado de óbito". A primeira refere-se ao filho/a mais velho/a da pessoa e que é responsável pelas questões burocráticas e a última é mais óbvia.

O meu Avô morreu. O meu Avô faleceu. Venha o diabo e escolha.
Qualquer uma das palavras soa mal.

À falta de mais inspiração (entenda-se que neste momento não abunda por estes lados) o meu Avô era um homem da pior espécie. Não tinha consideração pelos outros (principalmente pela família), era egoísta e pior do que isso tudo, maltratava a minha Avó.
Nos últimos anos da vida dele, a minha mãe cuidou dele, ou seja, sempre que vinha a casa ele estava aqui.

Nunca percebi até hoje o porquê da minha Mãe ter assumido essa responsabilidade. Na verdade, ninguém percebeu. Achavam que ele não merecia. E vá, tinham razão.

Mas ele era o meu Avô e era o Pai dela. Hoje percebi isso. Talvez não haja um cliché maior do que este, mas é verdade que quando somos confrontados com uma pessoa que é sangue do nosso sangue, inanimada, dentro de um caixão e prestes a ser enterrada, vêm ao de cima emoções confusas, contraditórias e que nos fazem inevitavelmente chorar.

Compaixão. Acho que é isso. Compaixão. Não acredito em verdades universais, mas acredito que as particularidades das pessoas desafiam constantemente o senso comum.

O meu Avô era assim. Uma pessoa muito particular. E talvez não merecesse. Mas hoje chorei por ele e por toda a história que ele viveu e permitiu viver.

Se formos a ver...Sem ele, eu não estaria aqui.

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