08/04/13

Eu vou porque quero. Porque escolhi. Porque senti ser a coisa certa a fazer. E esta foi uma decisão que tomei antes de te conhecer.
Não consigo deixar de pensar que isto é uma piada cósmica. Depois de tudo o que passei nos últimos dois anos. Se é verdade que existem testes, este é definitivamente um deles.

Se choro é porque sou assim. Não sou propriamente de chorar por tudo e por nada, mas é um facto que tudo o que envolve a minha relação com outras pessoas é sempre um tema sensível.

Esta viagem é algo que já quero fazer há muito tempo. Que quero e que preciso. Atrás deste tamanho todo há uma pessoa com medo de sair da zona de conforto e com medo de perder as pessoas. E isso tem regulado a minha vida. Demasiado.

Eu era o tipo de pessoa que largava tudo para ficar com alguém. Mesmo sem ter certezas de nada. E com isso, foi mais o que perdi do que ganhei.

O meu irmão sempre me chamou a atenção para a minha falta de ambição. Acho que com isso ele queria dizer que eu vivia bem com "amor e uma cabana". Há um fundo de verdade nessa observação. Depois de ter passado 6 anos a estudar e a lutar para começar uma carreira, larguei tudo para entrar num projecto imprevisível e com muitas possibilidades de correr mal. Depois disso não tive força suficiente para remar contra a maré e tive de largar tudo outra vez.
Quando cheguei à cozinha do Orpheu, foi a primeira vez na vida que me senti auto suficiente e isso deu-me uma certa tranquilidade. Passados uns meses percebi que ao continuar ali, a minha vida ia estagnar e seria impossível fazer projectos para o futuro.

Daí a minha decisão. Tentar ter uma vida melhor. Mais conforto, mais estabilidade e poder ser dona do meu próprio nariz. Porque só assim posso partilhar a vida com alguém. A pressão de estar sempre com a corda ao pescoço não é o que quero oferecer, seja a quem for.

Não gosto de comparações. Se olhar à minha volta, 90% das pessoas têm uma orientação, um plano.E estão a concretiza-lo.
Eu nunca tive um plano. Tenho sonhos. E o mundo não é um bom lugar para pessoas como eu.

Tenho de crescer. Acredito que crescemos até ao fim da vida. Não posso estagnar. Não posso render-me à vida mais ou menos.
Outra coisa que também nunca tive jeito foi o de aproveitar oportunidades. Sempre tive medo que ao faze-lo pudesse estar a perder algo melhor.

Tu não me conheces há muito tempo, mas estar dentro da minha cabeça é complicado. E uma das melhores coisas ao conhecer-te, foi a inspiração para continuar a mudar isso.
É um trabalho que tento fazer todos os dias. Mas confesso que sozinha é mais difícil.

Quando peço desculpa por alguma coisa não é por sentir-me mal com as minhas reacções. É porque quero preservar-te. Quero ter-te na minha vida da forma bonita como tens estado. Mesmo com tudo o que temos passado. Admiro-te. Acho que és uma pessoa forte. E isso inspira-me. Seja o que for que tenhas visto em mim faz-me sentir lisonjeada. Faz-me feliz.






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