Tudo passa. Sim. Olho para o relógio e são 5h40, hora de casa.
Penso em como sempre que me entusiasmo com alguma coisa acabo por estraga-la. E no que é esta força que fala sempre mais alto.
Todo esta ansiedade por não saber o amanhã é medo. É medo de voltar a ser magoada.
Cliché ou não, fazendo ou não parte da vida, tenho realmente medo. Talvez não tenha sido clara quando digo que quando gosto de alguém é a sério. Não há meandros, não há ses, não há meias palavras. É um risco enorme que não posso correr sozinha.
Não me considero uma pessoa frágil apesar de tudo. Sensível sim, por muito que essa palavra na verdade me mexa com o sistema.
Faz parte de crescer nos conhecermos cada vez melhor. E mesmo não querendo muitas vezes aceitar esse lado de mim, tenho de o fazer.
É verdade que quando temos a cabeça e o corpo ocupados não pensamos tanto. Mas isso não é verdade para mim. Sou sempre assim. O tempo todo. Já é suficientemente cansativo quando a vida corre normalmente. Quando não corre, nem consigo explicar.
A minha luta durante muitos anos foi tentar explicar às pessoas que isto não é vitimização. Tanto foi que admito agora que perdi essa batalha.
Porque não há realmente forma de fazer ver tudo isto. Há que simplesmente ser e deixar que a vida faça o resto.
E no entretanto, vou perdendo e ganhando pessoas que amo.
E é com isso que não sei lidar.
Uma vez, a P. disse que as pessoas entram na nossa vida para nos levar de A a B. E que depois, cada uma segue o seu caminho. Eu tinha acabado de fazer 21 e senti uma revolta tão grande que nem consegui responder. Achei tão redutor, tão frio e calculista que não quis acreditar que era daquela pessoa que eu gostava.
Com o tempo, apercebi-me de que em parte ela tinha razão. Agora que estamos numa fase mais madura da nossa amizade que eu prezo tanto, já consigo dizer-lhe o quanto aquilo me perturbou e o quanto eu sinto que não é a verdade toda. Não pode ser. Senão a vida seria apenas um jogo matemático. E não é.
Consigo agora explicar-lhe o que penso. Que as pessoas de facto nos levam de A a B, mas também de B a C e por vezes de C a A. E às vezes as pessoas levam-nos de A a B e ficam.
Porque, qual é o mal de ficar?
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