11/10/14

A sensação é como quando a minha Mãe uma vez me proibiu de fumar numa festa tinha eu 13 anos. As palavras dela ecoaram na minha cabeça o tempo todo mas mesmo assim fumei um cigarro. Não me soube a muito porque estava sempre a pensar no que ela tinha dito e no que iria acontecer se ela descobrisse. Banhei-me em perfume, meti uma pastilha elástica na boca e esperei passar despercebida. Mas bastou entrar no carro para ela perguntar-me se o tinha feito e eu não consegui dizer que não. Não consegui mentir.

Mentir é um verbo que tem aparecido na minha vida nos últimos tempos. Quem mente, sobre que mente, quando mente, porque mente? A mentira era algo que não deveria existir. Eu já menti no passado, às vezes minto quando sou apanhada de surpresa e tenho a certeza que ainda irei dizer algumas mentiras no futuro.
Porquê? Não faço a mais pequena ideia. Podem ser várias razões. Necessidade de afirmação, medo de ser julgada, medo do confronto, ou simplesmente porque nos falta a paciência de dizer a verdade.
Hoje em dia podemos considerar que é um acto comum. É péssimo, mesquinho e na maioria das vezes negativo, mas ainda assim comum.

Naquela noite eu não consegui mentir à minha Mãe. E hoje gosto de pensar nisso apesar de na altura ela ter ficado zangada comigo. Sinto orgulho nisso.
Mas eu aprendi a mentir muito cedo. Infelizmente. E foi uma necessidade, não uma vontade. As razões não interessam agora, mas o que quero dizer é que toda a minha vida lutei e luto para não mentir, para não ocultar, para não dissimular.
Gosto de dizer à boca cheia que sou um livro aberto, que sou transparente, que "what you see is what you get". Mas a vida prega-nos tantas, mas tantas partidas, que mesmo aquelas características que assumimos quase como certas acabam sempre por ser desafiadas.
E penso que esta é a que mais é posta à prova.

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