13/03/10

BBC Vida Selvagem

Já quero escrever este post há várias semanas. Penso que a maioria não vai perceber, mas vamos considerá-lo, um desabafo.

Desde que me lembro de existir e até sair da Madeira para vir viver para Lisboa, que aos Domingos, havia almoço de família na minha casa. Eu sei que hoje não é Domingo, mas já vão perceber porquê que estou a falar disto.

Depois de deitar-me sempre tarde no Sábado à noite (ao longo da infância e adolescência, os motivos para tal foram variando), acordava entre as 10h e as 11h da manhã, com o despertar da minha avó, para comer croissants acabados de fazer. É claro que a parte dos croissants não era todos os Domingos, mas eu gosto de me lembrar deles assim. Lembro-me de acordar feliz porque, aquele pequeno almoço, além de ser maravilhoso, era feito com amor. Muito amor.

Descia as escadas, corria para a cozinha e atirava-me aos croissants quentes. Era tão, tão bom...

Mas, a razão de estar a escrever este post, não são propriamente os croissants. É algo ainda mais estranho.

Alguém que esteja a ler costuma ver o BBC Vida Selvagem? Pois é o que estou a ver agora. É aquele programa que dá na SIC antes do telejornal. E é um programa fiel. Não me lembro de existir sem este programa aparecer na minha televisão do meio dia à uma, todos os Domingos.
Também passa ao Sábado, mas confesso que ao Domingo era o dia de eleição para o ver.

Nunca fui dada às ciências, nem a propriamente nada que fosse exacto, mas tenho um fascínio por estes documentários. Não me perguntem porquê. E a voz, a voz do comentador, que é sempre a mesma, fez-me voltar ao passado. Fez-me voltar aos pequenos almoços carinhosos e a chamada de atenção da minha mãe para ir tomar banho. Mas eu não conseguia. Ficava vidrada na televisão. Era como um prazer secreto. Eu sabia que acabava à 1h e que tinha pouco tempo antes da casa ser invadida por tios e primos, mas dava-me tanto prazer que era irresistível.

E é por isto que estou a escrever. Porque a voz deste homem que não conheço, mas que me acompanha desde sempre, me faz lembrar que a vida foi uma vez estável, equilibrada, familiar.
Agora, estou na minha sala sozinha e os meus pais e avós não estão na cozinha ou no quarto a dormir. O meu irmão também não está.
Os fins de semana serão sempre fins de semana, mas eu estou diferente. A vida está diferente.

Tenho o BBC Vida Selvagem para me fazer sentir criança. Eu sei que parece estranho. Mas não é...

2 comentários:

  1. Ando há (mas porquê, Senhor? Porquê é que eu imbico sempre com o raio do "a" com "h" ou sem ele? Credo!) uns tempos para fazer o comment sobre este post.Gostei, verdadeiramente, minha querida!
    Compreendo esse sentimento de saudosismo de infância. O que uma voz pode fazer a uma pessoa, já viste?
    A minha é a do Eládio Clímaco (Que raio de nome!), que apresentava os jogos sem fronteiras, "alembraste"?
    Continua a escrever... sou adepta das tuas palavras! E não te preocupes se esta acção de parecer um vício! ;)
    Gosto-te muito, cariño!

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