20/09/12

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Recordar é bem capaz de ser uma das coisas mais dolorosas da vida.

Porque é inevitável e porque quer seja bom ou mau, acaba sempre por nos deixar tristes.
Se foi bom queremos mais, se foi mau queremos esquecer.
Eu não percebo quando dizem que é melhor não esquecermos. Porque assim supostamente aprendemos e ficamos com a marca, que nos lembra para não fazermos o mesmo outra vez.
Não percebo isso. Porquê que não nos podemos simplesmente esquecer do que nos magóa, do que ou quem nos faz mal? Se quando o vivemos já doeu tanto, para quê ficar com a memória? Não chega o que sofremos nesse momento?
Sempre "gostei" da expressão "lavagem cerebral". Acho mesmo que não há expressão que eu gostasse mais que fosse real. Porque não é o coração que tem de ser lavado. O coração é ingénuo o suficiente para se renovar. Mas a cabeça não. A cabeça é inteligente e sabe todos os emaranhados possíveis para não nos deixar largar as amarras do que foi, do que é e do que poderá ser. De todas as formas controladas que nós tão bem sabemos.

Às vezes sinto-me ridícula a escrever. Sinto que não é importante. Que não faz diferença. Que não muda nada. Como falar, às vezes.

Hoje reli uma carta que escrevi. Há exactamente 1 ano atrás. E agora que olho com alguma distância, vejo que tinha tanto dentro de mim e que era tão puro. E era mesmo. E isso, deixa-me inevitavelmente triste.

A tristeza tem uma conotação negativa. Quando dizemos que estamos tristes ou que algo é triste, despertamos sempre um pensamento negativo. Como algo a evitar ou a ultrapassar rapidamente.
Um dia alguém me disse que a tristeza é simplesmente algo que faz parte. Faz parte do equilíbrio da vida e tudo depende de como olhamos para ela.
Devo dizer que concordo. Porque nem sempre que me sinto triste me sinto mal. É quase como uma necessidade cíclica.

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