Este ano foi pesado, difícil, cheio de obstáculos, provações, altos e muitos baixos. Conheci mais de mim do que em qualquer outro ano. Superei-me, deixei-me cair, sorri muito, dancei (mesmo muito), fiz amigos (dos bons), deixei coisas para trás onde elas pertencem. Digeri quase toda a raiva e também a deixei onde ela deve estar. Aprendi que essa raiva existia.
Aprendi a apreciar a tal arte de estar sozinha. Ou estou a aprender e a perceber até onde isso é saudável.
Trabalhei muito. Ou muito para mim. Ou para o que estava habituada. E senti-me auto suficiente pela primeira vez na vida.
Descobri que vou ser tia. Decidi sair do país um tempo.
Fui a pé para o trabalho menos vezes do que queria. Não me inscrevi na natação.
Mudei de casa e nunca mais pensei na casa antiga. Ainda não decorei o quarto. Falta um candeeiro no tecto.
Tive vontade de vender o carro e depois desisti. Agora tenho vontade outra vez.
Pedi o cartão FNAC e respondi que sou cozinheira quando me perguntaram a profissão.
Perdi deliberadamente grande parte da memória de Janeiro. E Fevereiro. E Março...E Abril.
Bem, perdi grande parte da memória de Janeiro até ao Verão.
No Verão fui ao Meco. Às festas do pôr do sol. Senti-me leve.
Engordei. E não foi pouco. E vi isso acontecer aos poucos sem ter força para parar.
Em 28 anos nunca tomei a resolução de perder peso. É este ano.
Vi pessoas crescerem e a decrescerem. Descobri pessoas valiosas.
Tive pouco tempo livre para as conhecer melhor.
Este ano foi cheio. Foi intenso, complexo. E ao mesmo tempo foi racional, prático e básico.
Foi um instinto de sobrevivência.
Não deu para fazer planos. Deu para sonhar.
Tive insónias. Muitas e repetidas. Envelheci, à falta de termo melhor.
Escrevi pouco e cantei ainda menos.
Trabalhei muito. Já disse?
Descobri o meu lado pessimista. Achava mesmo que ele não existia. Mas estou a lidar bem com ele. Não lhe dou atenção.
Parti um coração. Mas tentei ter cuidado.
Ainda não colei o meu. Estou a ter cuidado.
Não vou escrever sobre o amanhã. O dia 1. Nunca me fez muito sentido escrever sobre o futuro.
Não sei porquê.
Mas sim, podia ser mais gentil ou pelo menos que recompensasse o que se passou nas linhas acima.
Já era.
Sem comentários:
Enviar um comentário