25/12/12

Natal

Há dias ía a conduzir e de repente percebi porquê que já não gosto do Natal.

Não vou ser hipócrita. Para mim, os presentes eram uma parte importante. Na verdade, fundamental.
Não pelos objectos em si, mas pelas intenções. Pensar em coisas que outra pessoa pudesse gostar, procurar, passar por esse trabalho, só para ver as reacções e as expressões.

Quando somos crianças não pensamos nas repercussões do Natal. Não pensamos que o Natal é um lobby capitalista. Não sentimos que é algo cada vez mais comercial e menos familiar.
É apenas uma coisa confortável, quente e feliz. É ver os adultos a entrarem em histeria com coisas que nunca vamos conseguir compreender. É correr pela casa a brincar ao "meia rota" (jogo que creio eu foi inventado pelos meus primos que consistia em percorrer a casa sem ninguém nos ver). É ter as pessoas que são sangue do teu sangue à tua volta. Todos juntos. Só porque sim.

Natal para mim representa a ingenuidade. Filmes que não conseguimos ir ver ao cinema. Pessoas que às vezes nem nos lembramos que existem, mas que estão sempre lá.

O Natal é também a minha Avó. E era a casa dela (e do meu avô, mas não vamos falar dele).
A minha Avó é uma mulher fantástica, sobre a qual eu gostaria de escrever um livro. Se tivesse essa capacidade.
Era a minha Avó que unia tudo e todos. Mas ela desistiu. Quer a liberdade dela. E eu compreendo.
Passou muitos anos numa "prisão" e agora disse chega. Admiro-a por isso.
Mas almoçar de 15 em 15 dias com ela não chega.

Sinto falta da minha família. Das imensas pessoas que a constituem. E sinto falta de não perceber as coisas.
De não saber o porquê da tia X não falar com a Y ou o primo Z não poder vir porque o primo A não o pode ver nem pintado.

Durante muitos anos pedia aos meus pais para me explicarem tudo, para não me esconderem a verdade.
E aos poucos eles foram desvendando... tudo... Confesso agora que preferia não saber.

Sempre tive a síndrome de Peter Pan. Nunca quis crescer. E no Natal é quando bate mais forte.





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