14/05/13

- Devias ouvir mais a tua intuição
- Pois é, tens razão, mas achei que não ias estar em casa e sei lá, era Domingo à tarde. Não se bate à porta de ninguém num Domingo à tarde.
- Mas eu até estava em casa, sem fazer nada e teria gostado da tua companhia.
- De facto, algo me disse que teria sido uma boa ideia, mas racionalmente decidi que não. Tinha pensado em abrirmos uma garrafa de vinho e ficarmos a conversar. Era o que me apetecia.
- A mim também. Exactamente isso. Porquê que não mandaste a mensagem?
- Já te disse. Achei impróprio e impulsivo. E tu não gostas de impulsivo.
- Bom, hoje teria gostado.
- Mas não podia adivinhar. O mais provável era não poderes ou não te apetecer.
- Para a próxima simplesmente faz.
- Ok, prometo. Mas tu sabes que não vai haver uma próxima. Era aquele momento. Em que queríamos as duas a mesma coisa ao mesmo tempo. A próxima pode nunca existir.
- Então, por isso é que comecei esta conversa com "devias ouvir mais a tua intuição".
- A minha intuição assusta as pessoas e tu até sabes disso.
- Assusta porquê?
- Isso é uma pergunta retórica não é?
- Não, quero mesmo saber.
- Porque infelizmente ela consegue perceber coisas antes de acontecerem. E quase ninguém compreende que isso pode acontecer. E depois, quando bate certo, quando bate certo é pior.
- Porquê?
- Porque acredites ou não, são mais as vezes que gostaria de estar errada do que certa.
- Mas, por exemplo, hoje a tua intuição estava certa e tu não a ouviste. Perdeste uma oportunidade.
- Sim perdi, é verdade. Porque tento sempre ignora-la. Como se ela fosse minha inimiga.
- Mas não é.
- Dizes tu. Que estás aí no teu canto confortável. Quem se expõe sou eu. Entendes?
- Entendo, mas não compreendo.
- Eu também não.
- Promete-me que se houver próxima vez, bates-me à porta.
- Prometo. Porque a conversa que a minha intuição me disse que ía ter contigo, era daquelas para mudar a nossa vida.

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