27/07/14

Porque afinal de contas, este espaço é meu.

Hoje de manhã acordei cinzenta. Acordei com tempo, sem pressa. Peguei no carro e fui para o trabalho.
Cheguei cedo, cedo demais. Tomei o pequeno almoço num Domingo diferente da maioria das pessoas.
Liguei à minha Mãe como faço todos os dias. E como todos os dias ela perguntou-me se eu estava bem.
Ela nunca pergunta se está tudo bem. Mas sim se eu estou bem. Decidi dizer-lhe a verdade. Que não estava.
Ela quis saber o porquê e eu respondi que não precisava contar-lhe, numa tentativa de poupar-lhe coisas que sei que ela tem dificuldade em ouvir. Mas ela é minha Mãe e é a minha melhor amiga. Ela sabe quando é que eu realmente preciso de desabafar.
Assim o fiz. Contei-lhe. Disse-lhe que além das coisas não estarem a correr bem no trabalho, que estava cansada de estar sozinha. Que estava farta de encontrar as pessoas erradas. E caí num pranto. Sentada no banco do jardim. Chorei e lavei a alma. Com ela. E como só ela sabe, ouviu-me e disse-me as mais sábias palavras. Naquele momento foi inevitável ela saber. Nunca lhe falo das coisas do coração, mas foi a melhor decisão que tomei nos últimos tempos. Sem dúvida.

E agora vem a parte cómica. Ou não fosse eu quem sou. E que me fez rir e sorrir e sair do cinzento.
Enquanto falava com ela, um homem aproximou-se de mim preocupado porque me viu a chorar, e disse para eu ter calma. Passou-me a mão no ombro. Tinha um ar doce e cheio de compaixão. Disse-lhe que estava tudo bem e que estava a falar com a minha Mãe. Para não se preocupar. Ele continuou lá, de pé, a certificar-se de que eu parava de chorar. No fim, disse-me que ia ao supermercado, e passo a citar "comprar uma pinguinha". Perguntou-me se eu não queria ao que eu respondi que não, mas a pensar que naquele momento talvez até me animasse. Mas eram 9h30 da manhã e achei prudente recusar. Ainda insistiu dizendo que ia comprar Sangria e perguntou se eu não gostava. Recusei novamente mas agora, já me estava a rir. Tinha deixado de chorar. Ainda ao telefone com a minha Mãe contei-lhe o que se estava a passar e rimos as duas.

A tristeza dissipou-se. As palavras dela e aquele homem que só depois percebi que era um mendigo, fizeram com que eu tivesse força e vontade de ir trabalhar.

Depois disso, passadas umas 2h, duas grandes amigas fizeram-me uma surpresa no trabalho. Na hora exacta. Contei-lhes esta história e mais uma vez ri. Com elas e de mim própria. Porque há realmente coisas que só a mim acontecem. Cada vez mais acredito nisso.

Agora estou sentada na cama a escrever, depois de ter ido ao cinema com a minha irmã. E penso. Sou uma mulher realmente sortuda.

Continuo com saudades tuas e quero muito que chegue o dia em que não vou pensar em ti. Ou sentir-te.
Mas hoje o Universo foi meu amigo e mostrou-me que não se esqueceu de mim.


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